CEOs e especialistas dividiram ações de negócio e resultados alcançados, com foco na sustentabilidade e clima.

Para além da teoria, as práticas consideradas sucesso de produção agrícola e as estratégias utilizadas no campo diante dos desafios da agricultura tropical foram o foco do segundo painel do “Workshop Técnico: Complementariedade de Tecnologias no Campo – Academia e Produção Agrícola”. O evento, promovido pela CropLife Brasil em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), no último dia 25, em Campinas, reservou o momento para que produtores rurais compartilhassem no espaço “Cases de Sucesso” ações de negócio e resultados alcançados ao público, atendendo as demandas de sustentabilidade e clima. A moderação do painel ficou a cargo da jornalista apresentadora do Notícias Agrícolas, Carla Mendes.

Ana Carolina Zimmerman, produtora rural na Fazenda Ribeirão, em São João D’Aliança, região nordeste de Goiás, ressaltou a importândia do olhar integrado sobre os insumos e apresentou quais foram as trilhas percorridas até chegar no seu modelo de negócio, reconhecido internacionalmente no uso e oferta de tecnologias para a lavoura. “É importante falar que a gente faz plantio direto, que a gente tem o cuidado de rotação de culturas, cuidado com as reservas legais e que a gente usa produto de cobertura. Então, por exemplo, por tal área, temos efeitos positivos com isso para poder ter um melhor controle de possíveis doenças. (…) Quando a gente fala sobre tecnologia, a gente também fala sobre irrigação. A irrigação permite que a gente consiga intensificar de maneira sustentável e aproveitar melhor o que está dentro do solo”. Liderança no agronegócio, Zimmerman também é fundadora da Churrua e presidente da JLS AGRO.

Luiz Pradella, sócio proprietário do Grupo Pradella, dividiu sobre o pioneirismo de seu sistema de plantio direto na região do Oeste Baiano, sobretudo das culturas de soja e milho, com baixa emissão de carbono. O negócio, existente há quadro décadas, começou em região inóspita para agricultura e se tornou modelo de propriedade rural sustentável no país. “Sempre é uma preocupação quando falamos de agricultura tropical, a questão de pragas e por isso falar aqui das tecnologias e como são complementares é muito importante (…) Foi uma das primeiras regiões do país que começou a estabelecer calendários de plantio, de vazio sanitário na cultura da soja. Em meados de 2002, talvez tenha sido a região do Brasil mais afetada com a ferrugem asiática e foi isso que nos levou a pensar em nosso programa fitosanitário”. Além do Grupo, Luiz é produtor rural, vice-presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação (FEBRAPDP) e diretor na Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA).

Já Marcelo Poletti, CEO da Promip, compartilhou o seu modelo de negócio focado na produção e comercialização de produtos de biológicos e serviços de pesquisas voltados ao manejo integrado de pragas, além do impacto da união dos dois recursos para a lavoura. “A agricultura tropical regenerativa é a grande chance para transformarmos aquilo que foi desenvolvido como um conceito nos anos 1950 e 1960 em realidade no campo. Se integrarmos as práticas de MIP [Manejo Integrado de Pragas], dentro da agricultura regenerativa, e transformarmos em índices e KPIs que sejam tangíveis, a nossa contribuição impacta em todo o cenário”, considerou. Polleti é engenheiro agrônomo de formação e doutor em entomologia pela Esalq.

Marcos Mattos, diretor do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), expôs o papel estratégico da cafeicultura brasileira no cenário global, tanto para mercados consolidados, quanto em novas conexões, e os empenhos para ampliar a rastreabilidade do produto, reduzir as emissões e fortalecer a cultura. “O Brasil é o maior produtor de café, o maior exportador e segundo o maior consumidor de café do mundo. 40% de tudo que existe no planeta vem do Brasil. E os nossos associados, que representam 97% de tudo que o Brasil exporta para cerca de 150 países no ano, abastecem também a indústria brasileira. Então, veja, a gente faz a logística de 40% de todo o café global e isso é uma responsabilidade muito grande”, apresentou. Marcos também é professor na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq)/USP e diretor da ABAG/RP.

Por fim, Rodrigo Simonato, diretor de Relações Governamentais da União da Bioinergia (UDOP) e membro do conselho da ABAG, concluiu o painel, explicando quais os desafios presentes para produtividade, mitigação de emissões de carbono e como atender a resiliência climática no setor.