Sessão inédita discute sobre novas metodologias de testes toxicológicos, desafios regulatórios e harmonização de dados.
A CropLife Brasil conduziu no último domingo (31) uma sessão inédita sobre alternativas ao uso de animais em testes toxicológico no World Congress on Alternatives and Animal Use in the Life Sciences (WC13), congresso mundial que debate inovação e ética na ciência. O tema do debate foi “Novas Metodologias de Avaliação (NAMs) para Formulações de Agroquímicos”, e abordou, pela primeira vez na conferência, métodos substitutivos aplicados a formulação de agroquímicos.

“Reunir a comunidade científica neste evento é fundamental para avançarmos na modernização das avaliações toxicológicas, assegurando cada vez mais a proteção da saúde humana e do meio ambiente, ao mesmo tempo em que promovemos o bem-estar animal. Os progressos já alcançados são expressivos e as perspectivas futuras revelam um caminho ainda mais promissor”, considerou Rafael Cordioli, especialista em assuntos regulatórios de Defensivos Químicos na CropLife Brasil.
No encontro, que reuniu cientistas, especialistas globais e autoridades, foram explorados testes alternativos de irritação e sensibilização cutânea, desafios regulatórios e harmonização internacional de dados. Como líder da sessão, a CLB procurou conectar órgãos reguladores e parceiros internacionais, criando bases para futuras diretrizes e para a adoção dessas metodologias no Brasil.
A mesa do encontro contou com a participação do líder técnico em Toxicologia Regulatória e P&D da Corteva Agriscience, Marco Corvaro – com experiências internacionais para sensibilização dérmica; da VP, Education and Outreach no Institute for In Vitrio Sciences (IIVS), Kristie Sullivan – que trouxe aplicações práticas e desafios para irritação cutânea; e do Especialista em Regulação e Vigilância Sanitária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Caio Almeida – com estudos de casos e perspectivas regulatórias do Brasil; com moderação por representante da BASF, Susanne Kolle.

Durante a discussão, os palestrantes apresentaram uma perspectiva nacional e internacional sobre testes cutâneos realizados em peles artificiais ou de animais não vivos, destacando sua aplicação no desenvolvimento de metodologias eficazes, que garantam a segurança dos produtos e, ao mesmo tempo, reduzem o uso de animais em testes.

“A adoção de métodos alternativos não é apenas uma tendência regulatória, mas uma evolução necessária rumo a decisões mais éticas, eficientes e baseadas em ciência”, ressaltou o especialista em regulação e vigilância sanitária da Anvisa, Caio de Almeida.

“Destaco as limitações dos testes tradicionais in vivo e apresento os ensaios in vitro de OCDE [Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico]. (…) As recomendações incluem integrar os NAMs em abordagens definidas, explorar modelos para avaliação de potência e promover fóruns regulatórios para harmonização global dos requisitos de dados”, esclareceu o representante da Corteva, Marco Corvaro, sobre sua participação.

Grupo de Trabalho em metodologias alternativas
O trabalho faz parte de uma agenda mais ampla coordenada pelo Grupo de Trabalho em Métodos Alternativos (GT MALT) da CropLife Brasil, que conecta indústria, comunidade científica e órgãos reguladores em torno do avanço das NAMs. Esse grupo atua em consultas públicas, reuniões técnicas e fóruns internacionais, apresentando evidências científicas que comprovam a confiabilidade regulatória das metodologias em foco.
No WC13, foram apresentados resultados inéditos de um levantamento sobre formulações, baseado em estratégias de peso de evidências e no cálculo de classificação do GHS. A proposta demonstra que, em diversos casos, já é possível gerar dados robustos de segurança sem a necessidade de novos testes in vivo.